Um programa governamental de Empregos para o Clima, que criaria 100 mil novos postos de trabalho no sector público, em áreas como energias renováveis, transportes públicos e edifícios, reduziria as emissões de gases com efeito de estufa por 60-70% em 10-15 anos. Actualmente, esta é a única proposta verdadeiramente compatível com a meta de limitar o aquecimento global abaixo de 2ºC. Os compromissos do Acordo de Paris e do Roteiro pela Neutralidade Carbónica apostam para um aumento de 3.5ºC nas temperaturas.
Empregos para o Clima custariam 1.5 a 2 por cento do PIB, anualmente. Isto é, 3 a 5 mil milhões de euros.
Em Portugal, este dinheiro existe quando é necessário resgatar bancos (17 mil milhões nos últimos anos). Por isso, imaginamos que exista também para resgatar a humanidade.
Contudo, o mais importante é entender que é impossível não pagar pela crise climática. Aliás, os impactos das alterações climáticas já custaram 7 mil milhões de euros a Portugal – e isto sem “contabilizar” as 6700 mortes por ano devido apenas à poluição atmosférica. Não existe forma de não pagarmos a crise climática. Podemos pagar para resolvê-la, ou podemos pagar muito mais por não tê-la resolvido.
Questionar se há dinheiro para financiar os Empregos para o Clima é uma pergunta bizarra, no mínimo. Dizer que não podemos pagá-los é dizer que é demasiado caro mantermo-nos vivos. A continuação da civilização humana como a conhecemos depende da acção climática rápida por um planeta justo e habitável.