Na passada quinta-feira, 17 de novembro, foi anunciado pelo ministro das Infraestruturas o plano ferroviário nacional com um horizonte indicativo de 2050. Segundo o ministro este “é o instrumento que faltava ao país” para fazer o adequado planeamento das obras na infraestrutura ferroviária. Este é “(…) um documento importante para o planeamento na ferrovia. Um país que quer apostar na ferrovia tem de conseguir desde logo fazer o seu planeamento”, segundo Pedro Nuno Santos .
Projetos como a nova ligação Évora-Elvas, a modernização da linha do Oeste, Douro e Cascais tinham sido já prometidos no plano nacional de ferrovia 2020, e projetos como a Linha de alta velocidade Lisboa-Porto, a ligação Porto Vigo, modernização e ativação da linha do Alentejo, estudos para uma travessia do Tejo que já tinham sido apresentados no programa nacional de investimentos 2030 (PNI 2030). Ficam prometidas novas linhas de alta velocidade para o sul assim como novas ligações a Viseu e Bragança. Lendo o plano chegamos à conclusão de que nos estão a prometer para 2050 quase o mesmo que prometeram primeiro para 2020, com a Ferrovia 2020, e depois para 2030, com o Plano Nacional de Investimentos 2030, e apesar disto continuam a não ser ambiciosos o suficiente, esperando atingir até 2050, o transporte de 20% de passageiro e 40 % do transporte de mercadorias através da ferrovia.
Este plano, em linha com o Roteiro pela Neutralidade Carbónica, aponta para uma redução de emissões de Gases com Efeito de Estufa no setor dos transportes, com referência a 2005, de apenas 43% até 2030, comparado com a redução sugerida pela campanha de quase 100% (comparando com 2018) até à mesma data. A roteiro espera chegar a esse nível de redução (98% face a 2005) apenas em 2050.
A campanha Empregos para o Clima sublinha que é necessário um plano nacional holístico para reduzir as emissões dos transportes e como este plano nacional de ferrovia é carente numa estratégica nacional que consiga capturar as mudanças necessárias para reduzir as emissões associadas aos transportes num ritmo compatível com a ciência climática.
O objetivo de um plano nacional para a ferrovia deve ter como objetivo substituir todo o transporte de longo curso de passageiros dentro do pais e progressivamente na península ibérica e substituir todo o transporte de longo curso de mercadorias [1], e para isso é preciso não só criar linhas de alta velocidade no eixo Norte-Sul (Faro a Valença) como no eixo Este-Oeste (Lisboa a Madrid) mas também reativar, eletrificar e reconstruir linhas que tornem o mapa rodoviário português pelo menos tao abrangente como o existente em 1985, reorganizando também os portos e zonas industriais que permitam hubs logísticos de comboio.
O plano nacional para a ferrovia precisa também de incluir um plano extensivo de reorganização da mobilidade urbana, com metro e elétricos em conjunção com autocarros elétricos, que permitam aos trabalhadores das grandes cidades usar transportes públicos nos seus deslocamentos para o trabalho e compras, acompanhando estas adições com políticas que promovam o uso de transportes públicos sobre o uso de transportes rodoviários individuais.
Esqueceram se de plano para 2040