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#8. Dia sem carne

Criação de um “dia livre de carne” nas cantinas escolares e sociais

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Estabelecer a obrigatoriedade de um dia por semana todas as cantinas escolares e sociais servirem refeições livres de carne, com acompanhamento nutricional e médico


NOVIDADES



O QUE PROPÕE ESTA MEDIDA


O excessivo consumo de carne não só é prejudicial à saúde como também a sua produção liberta enormes quantidades de metano (um gás com efeito de estufa muito mais poderoso do que o CO2), requer uma área muito maior para produzir a mesma quantidade de comida, e perpetua a agricultura intensiva para alimentação dos animais, o que por sua vez causa emissões de óxido nitroso. Como a cadeia global de fornecimento de alimentos é cada vez mais complexa, muitas vezes as emissões no Sul Global (seja pela produção animal, seja por desflorestação) não estão a ser contabilizadas nos países que consomem estes alimentos. Em qualquer caso, uma coisa é certa: como sociedade, temos que reduzir o consumo de animais e lacticínios drasticamente.

A transição alimentar não pode ser feita à custa da alimentação equilibrada das pessoas ou à custa de quem trabalha para a indústria agropecuária. Mas esta meta tem várias vantagens a priori: existem opções veganas e vegetarianas disponíveis, existem os meios de gestão nos refeitórios e cantinas públicas, os empregos na indústria agropecuária são precários e/ou com péssimas condições para os trabalhadores, e uma transição na produção é bastante viável em termos técnicos.

Todas as cantinas podem, por regra, ter um dia livre de carne, em que o mesmo número de refeições são servidas, mas todas sem carne.[1] Este processo deve ser acompanhado por médicos e nutricionistas, para garantir uma alimentação saudável (e para esclarecer qualquer dúvida que as pessoas possam ter). As cantinas podem também fazer acordos com pequenos produtores locais que querem mudar a sua produção para vegetais e frutas, assim facilitando a transição estrutural.

Os dias livres de carne podem assim ajudar a normalizar a dieta vegetariana e vegana na sociedade, eliminando a ideia de que esta é cara ou nutricionalmente incompleta.

Empregos necessários

  • Formadores de cozinha vegetariana e vegana
  • Nutricionistas especializados em dietas vegetarianas ou veganas
  • Coordenação e sensibilização com pequenos produtores locais

Financiamento

Por norma, esta meta não só reduz as despesas das cantinas (sendo a comida vegetariana muito mais barata) mas também reduz os custos indirectos no Serviço Nacional de Saúde, ligados a doenças com causas baseadas na produção massiva dos animais.

Para esta meta ser concretizada, será preciso contratar milhares de pessoas especializadas na área, mas também na administração pública. Para esse fim, esta política deve ser acompanhada por um imposto na produção e distribuição dos produtos de animais, dirigido às grandes empresas de agropecuária, bem como o aumento do IVA para a taxa normal nas carnes vermelhas.

Outra fonte de financiamento seria a conversão directa de benefícios e subsídios atribuídos às grandes explorações agropecuárias para esta finalidade.


[1]              A proibição de de produtos alimentares em edifícios públicos não é inédita. O despacho n.º 11391/2017 limitou o número de bolos e refrigerantes por se considerarem produtos prejudiciais à saúde.

                Esta medida vem dar continuidade à lei n.º 11/2017, que criou a obrigatoriedade da existência de opção vegetariana nas ementas das cantinas e refeitórios públicos. No entanto, a sua implementação apenas resolveu parte do problema. Garantiu opções aos vegetarianos e veganos já existentes, mas falha em normalizar e impulsionar a alimentação vegetariana para o resto da população.