No dia 11 de fevereiro na Faculdade de Ciências, decorreu o 3º Encontro Nacional pela Justiça Climática, com uma série de apresentações públicas, bancas, exposições, e espaços de debate. Uma das sessões de apresentação focou-se sobre transportes públicos, e contou com a participação de um investigador da Faculdade de Ciências sobre as áreas da energia e mobilidade, dois sindicalistas da FECTRANS (Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações), e com moderação de uma ativista da campanha Empregos para o Clima.
Poderá parecer bizarro haver lugar a uma sessão inteiramente dedicada ao tópico dos transportes num encontro desta temática. Mas na verdade, as questões da justiça climática e dos transportes estão fortemente relacionadas.
Não seja apenas pela questão óbvia das emissões de gases com efeito de estufa, pelas quais no contexto nacional os transportes são responsáveis em 24%. Mais do que isso, os transportes são uma necessidade social básica, que condiciona o acesso a serviços e bens de primeira necessidade, como sejam o acesso ao trabalho, à escola, ao médico, ou à creche dos filhos. Porém, em contraste com a sua importância na sociedade, o estado dos transportes em Portugal é precário e preocupante. Os efeitos de anos de desinvestimento e privatizações no setor dos transportes em Portugal são vividos diariamente pelos utentes sob a forma de atrasos, supressões, horários reduzidos e falta de oferta, acidentes e falhas de segurança, enquanto empresas privadas subsidiadas pelo Estado continuam a despedir trabalhadores e ditar os preços altos, a oferta reduzida e a falta de articulação das diversas redes e transportadoras. Como resultado desta depreciação dos transportes públicos, existe uma tendência de aumento do uso do carro individual em detrimento do autocarro, o que por sua vez contribui para as emissões de gases com efeito de estufa e aumenta as disparidades no acesso aos transportes.
A sessão “Transportes públicos para o Clima”, que incluiu um espaço de debate com a audiência presente, concluiu de vários pontos de vista diferentes – a ciência climática, as tendências da mobilidade em Portugal, os direitos dos trabalhadores, o direito à cidade e a justiça social – que é urgente investir nos transportes públicos numa ótica de serviço público.
A apresentação do Pedro Nunes podes ser consultada aqui: Transportes e Clima – Pedro Nunes