Nos dias 12 e 13 de abril, a Campanha de Empregos para o Clima participou numa discussão em Bruxelas sobre um novo modelo energético que irá ser proposto pelo grupo parlamentar europeu The Left. A convite do grupo parlamentar estavam também outras organizações nacionais como a Coopérnico, a Zero e a Greve Climática Estudantil.
A estrutura do modelo energético proposta pelo The Left através da campanha “Power to the people” tem como principal alvo o fim do mercado marginalista e da monopolização dos mercados de energia, a redução dos custos da energia e dos lucros das grandes empresas, prevendo também uma transição para energias renováveis a nível europeu.
No workshop “The Future is Public” discutímos a viabilidade de um serviço público de energias renováveis e os obstáculos políticos e logísticos para lá chegar: como funcionaria um serviço público de energia renovável?; como se opera uma transição justa contra os interesses económicos do lobby fóssil?; o que significa plenamente um serviço de energia democrático?
As idiossincrasias de cada país europeu tornam um debate técnico sobre estas questões bastante complexo, mas a discussão gerada possibilitou a reflexão sobre temas à parte do mix energético, desde a municipalização das infraestruturas energéticas aos sujeitos políticos cuja mobilização é necessária para garantir uma transição justa.
Num plenário cujo mote foi o direito à energia, discutimos o plano do novo modelo energético proposto pelo The Left. Entre os pontos fundamentais estão um teto para os preços de energia, taxas sobre os lucros extraordinários, planos para a eficiência energética e a remoção do gás e do nuclear da taxonomia “verde” europeia para o financiamento. Infelizmente, entre os pontos do programa ficou de fora a necessidade de garantir empregos para os trabalhadores cujas indústrias serão impactadas pela transição energética. Não só qualquer tipo de empregos, mas empregos públicos, estáveis, que cortem emissões e criados na ótica do serviços público.
Lutar contra a crise climática e pela transição energética é também lutar pelo investimento público e pela criação de emprego. Porque só através do investimento público se consegue assegurar que os trabalhadores da indústria energética e das indústrias poluentes conseguem sair da transição com empregos melhores e mais dignos. Salientamos portanto a necessidade de incluir como a base de um novo modelo energético um programa de empregos para o clima que garanta direitos aos trabalhadores e que os consiga puxar para a esfera do debate climático.
