Empregos para o Clima, campanha por uma transição energética justa que conta com o apoio de colectivos de justiça climática e de sindicatos, critica o plano de apoio às empresas privadas e alerta sobre os riscos de fornecimento de gás fóssil este inverno.
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Na semana passada, o governo anunciou 3 mil milhões de euros de apoio às empresas para as facturas de luz e de gás. Este dinheiro público vai directamente alimentar os lucros das empresas de combustíveis fósseis.
Para pôr em perspectiva, o relatório da campanha Empregos para o Clima mostra que um investimento público de 6 a 9 mil milhões por ano pode criar 200 mil empregos públicos para cortar as emissões de GEE em Portugal por 85% até 2030.
Neste sentido, o apoio do governo não é só um subsídio directo à indústria de combustíveis fósseis, mas é também dinheiro público roubado à transição justa.
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Em poucos dias, a crise climática e o próprio sistema energético demonstraram o fracasso desta política.
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Na Nigéria, as recentes cheias extremas provocaram a morte de mais de 600 pessoas , 1.3 milhões de pessoas ficaram desalojadas e mais de 200 mil casas foram destruídas. Este desastre não fez notícias em Portugal mas depois a empresa Nigeria LNG alertou sobre uma possível redução substancial de fornecimento de gás fóssil nos próximos meses por causa das cheias. No entanto a Direção-Geral de Energia e Geologia anunciou que Portugal tinha suficiente gás armazenado para este inverno. Noutras palavras, enquanto o governo doou 3 mil milhões de euros à indústria de combustíveis fósseis, a DGEG admitiu que temos todas as condições favoráveis para lançar um plano de emergência por uma transição justa já este ano e reduzir drasticamente a dependência da nossa economia nos combustíveis fósseis.
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Não existe segurança energética num mundo em crise climática. O caos climático, que o governo assegura prologando a queima de combustíveis fósseis, afastar-nos-á ainda mais de uma situação de energia acessível para todos e do fim da pobreza energética.
A campanha Empregos para o Clima defende criação de uma empresa pública de energias renováveis para garantir o fornecimento de energia, para liderar a transição, para recrutar os trabalhadores dos sectores poluentes que podem perder os seus empregos com os encerramentos, e para garantir segurança energética.
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Mais informações
Relatório da campanha: https://www.empregos-clima.pt/relatorio/
A reivindicação por uma Empresa Pública de Energias Renováveis: https://www.empregos-clima.pt/por-onde-comecar/2-energia-publica-renovavel/
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Empregos para o Clima é uma campanha pela transição energética justa, que conta em Portugal com o apoio de organizações sindicais, ambientais, cívicas e religiosas, nomeadamente Academia Cidadã, Alentejo Litoral pelo Ambiente, AmbientalIST, Associação de Combate à Precariedade – Precários Inflexíveis, CIDAC, Circo de Sonho, CGTP-IN, Circular Economy Portugal, Climate Save Portugal, Climáximo, a Coletiva, Greve Climática Estudantil, GAIA – Grupo de Ação e Intervenção Ambiental, Habita, JOC – Juventude Operária Católica, Movimento do Centro pela Justiça Ambiental, Sciaena, SPGL – Sindicato dos Professores da Grande Lisboa, SPN – Sindicato dos Professores do Norte, STCC – Sindicato dos Trabalhadores de Call Center, STFPSN – Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais do Norte, STSSSS – Sindicato dos Trabalhadores da Saúde, Solidariedade e Segurança Social, Teachers for Future Portugal, Zero – Associação Sistema Terreste Sustentável.
Empregos para o Clima reivindica a criação massiva de empregos dignos em setores-chave para a redução das emissões de gases com efeito de estufa. Esta campanha tem presença internacional, em países como Reino Unido, França, Noruega e África do Sul.