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Curar o Planeta, Garantir o Futuro – Rafael Tormenta (Vila Nova Online)

A Constituição Portuguesa garante o direito de todos os cidadãos a um bom ambiente, à sua fiscalização por parte das entidades governamentais e ainda à consulta pública que deverá ser tida em conta se houver a intenção de proceder a alguma alteração profunda.

No momento em que a hipótese de exploração de petróleo ao largo de Aljezur (furo) parece ser considerada em Portugal, assim como a exploração de gás natural através de fracking, na zona de Pombal, Alcobaça, Batalha e Leiria, os portugueses sentem-se bastante preocupados com estas ameaças aos ecossistemas marítimos e terrestres e juntam-se à manifestação mundial, em várias cidades de mais de 80 países, a 8 de setembro, pelas 17h, no Porto, em Lisboa e em Faro.

As ameaças ao nosso planeta são de tal forma que, em consequência das alterações climáticas, deflagram incêndios enormes, surgem tornados devastadores e há cada vez mais dificuldade em prever uma estabilidade de bem-estar para as populações.

Todos devemos ter como princípio ajudar os grupos de intervenção social que desenvolvem lutas em prol do ambiente. É necessário haver educação, investigação e formação que preparem as pessoas para uma necessária fase de transição.

A agricultura tem que passar a ser ecológica e biológica, numa gestão de recursos sustentável: aproveitar as águas das chuvas; reaproveitar, evitando o desperdício alimentar; deixar de usar resíduos que libertam metano, fertilizantes com óxidos de nitrato. As florestas têm que ser replantadas de forma natural reavivando os seus ecossistemas, para que não ardam facilmente. Os animais devem ser protegidos. As praias devem ser limpas.

Em casa podem usar-se armazéns de sementes (espigueiros) e filtros de água naturais, reciclar, reforçar o isolamento térmico de paredes e vidros (é em Portugal que mais se morre de frio, a nível da Europa), investir em projetos de requalificação energética.

Os transportes públicos têm que ser mais eficientes (autocarros e comboios elétricos que dispensem os aviões pelo menos dentro de Portugal), mais baratos, a parar em estações e apeadeiros para servir as pessoas mais necessitadas e evitando o uso individual de carros que deveriam também ser só elétricos. O uso da bicicleta deve ser socialmente promovido.

O investimento em energias renováveis combinadas (eólica, solar, geotérmica, das ondas e das marés) que não se esgotam e são muito pouco poluentes, é uma necessidade urgente. As energias não renováveis (quase esgotadas), na sua maioria retiradas do solo (carvão, petróleo, gás natural) poluem, libertando dióxido de carbono e causando problemas na estabilidade das rochas com repercussões negativas a breve prazo.

Se com o fim das energias não renováveis (setor petrolífero) se podem perder cerca de 20.000 postos de trabalho em Portugal, é possível criar 120 a 160.000 novos postos de trabalho (produção energética, transportes, nova indústria, comércio, habitações, florestas) não precários, com salários adequados, condições de trabalho, carreiras, diretos laborais, isto é – de acordo com a OIT – dignos. Estes empregos verdes serão o espelho da justiça social, se coordenados a nível nacional, com incentivos, para que as pessoas não percam os recursos básicos. É necessário que Portugal conceba e ative quanto antes um Serviço Nacional do Clima.

Só com esta mudança e este investimento rápido no ambiente é possível salvar o Planeta. Em 20 anos será necessário inverter a atual situação: o gelo que derrete nos polos para compensar a água que se perde noutras regiões (onde há secas mais frequentes, incêndios descontrolados, oceanos cada vez mais ácidos, provocando a existência de mais e mais refugiados e de conflitos sociais), mas liberta o metano que tinha debaixo reforçando o efeito de estufa, o que se vai tornado um ponto sem retorno.

Por isso milhares de Portugueses sairão à rua no próximo sábado.

No Porto, a partir das 17h00, na Praça da Liberdade.


Artigo originalmente publicado na Vila Nova Online no dia 5 de setembro de 2018.

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