No passado dia 19 de novembro, aconteceu em Sines o Encontro por Transição Justa, organizado pelo Grupo de Trabalho por uma Transição Justa em Sines e no Alentejo Litoral da Campanha Empregos para o Clima. Durante o dia, passaram pelo Encontro cerca de três dezenas de pessoas, desde ativistas climáticos, sindicalistas, académicos e cidadãos interessados com as mais diversas origens e experiências.
A parte da manhã foi dividida em dois painéis: um sobre «A Falsa Transição que temos» e outro sobre a «Transição Justa que queremos». No primeiro, foi salientado como, em diversos terrenos, o termo Transição Justa tem sido falsamente apropriado por grandes empresas e governos. Nas suas mãos, «Transição Justa» significa promover projetos assentes numa expansão energética que em nada contribuem para a descarbonização e que reproduzem o mesmo modelo de exploração do Planeta e das pessoas que trabalham.
Tal é visível, tal como mencionado pelos oradores, nos muitos projetos que estão a ser planeados na região – desde as megacentrais fotovoltaicas, à produção do hidrogénio verde para exportação, à refinaria de lítio, até ao Data Center em Sines. Este modelo de expansão energética injusta é também observável na indústria, em que uma suposta transição energética é usada para manter paradigmas de consumo – a mobilidade individual em detrimento dos transportes públicos – e também para promover despedimentos e aumentar ritmos de trabalho.
No segundo painel, foi destacada a necessidade de um compromisso intransigente na defesa de uma descarbonização da economia e a necessidade de desafiar o movimento sindical nesse sentido. Moisés Barón, dirigente do sindicato de petroleiros da Colômbia relatou a experiência do sindicato a que pertence na luta contra o fracking, mas também na luta por justiça climática e ambiental, que considera essenciais para uma verdadeira paz social. Como tal, relatou que considera a substituição da exploração de petróleo e outros combustíveis fósseis no país essencial, através da criação de postos de trabalho dignos em energias renováveis e outros setores-chave.
Após um almoço de convívio, uma reunião de ativistas de vários movimentos e sindicatos discutiu os passos a dar na luta por uma transição justa em Sines, na sua indústria, mas também contra os projetos desastrosos que alimentam o extrativismo «verde» que governo e empresas estão a implementar no Alentejo Litoral. A convergência de várias lutas e movimentos, assim como a necessidade da mobilização popular e da construção de espaços coletivos para elaboração ativa de propostas e de um plano de transição alternativo, que coloque a vida das pessoas e do planeta antes do lucro, foram destacados. Várias ações foram avançadas, no sentido de sensibilizar e mobilizar escolas, locais de trabalho e os sindicatos da região, de chegar aos média locais e à população em geral.
O sucesso deste Encontro mede-se pelo empenho redobrado de um número cada vez maior de ativistas em reforçar o trabalho da Campanha Empregos para o Clima e outros coletivos na região, chegando à população local e à classe trabalhadora com propostas e ações de luta por empregos dignos, justiça social e uma transição energética que trave a catástrofe climática. É de recordar que este encontro acontece numa altura que a seca, mas não só, já tanto fustiga o Litoral Alentejano, e que sem travarmos a emissão de gases com efeito de estufa nos prazos ditados pela ciência, os impactos desta crise apenas se vão acentuar.
Para fazeres parte desta luta junta-te à Campanha Empregos para o Clima, contactando-nos através do formulário, ou através das redes sociais da campanha