O maior obstáculo a qualquer campanha por Empregos para o Clima é o capitalismo
Entrevista com Sarah Ensor (Campaign Against Climate Change e One Million Climate Jobs, Reino Unido) que esteve em Lisboa durante os IV Encontros Internacionais Ecossocialistas
Quais são as vossas expetativas relativamente à convergência entre o movimento sindical e as questões climáticas? Que experiências concretas existem no vosso país?
One Million Jobs Campaign [Campanha por Um Milhão de Empregos] tem o apoio de oito sindicatos nacionais e da National Union of Students [Associação Nacional de Estudantes]. Na Grã-Bretanha, a Campaign Against Climate Change [Campanha contra as Alterações Climáticas] tem estado na linha da frente do processo de adesão dos sindicatos ao movimento pelo clima, e tem tido sucesso em áreas como as campanhas contra o fracking (fraturamento hidráulico). Em anexo, segue o último panfleto destinado aos trabalhadores, em resposta às mentiras das empresas de fraturamento hidráulico.
Sou funcionário público e trabalho no Commercial Services Union (PCS) [Sindicato dos Serviços Comerciais], que abrange os funcionários públicos, do setor público e do governo. O PCS tem estado muito envolvido na campanha por um milhão de empregos públicos no setor climático, nas áreas da energia renovável, transportes e isolamento térmico das habitações. A nossa campanha visa aumentar a consciencialização e possibilitar (e mesmo encorajar) que os nossos afiliados se envolvam em campanhas como as contra o fracking. A minha experiência pessoal, com os meus colegas do sindicato, é que eles estão bem informados em relação às questões climáticas, e alguns até estão, ou já estiverem, ligados a campanhas de âmbito local para proteger áreas verdes ou terrenos públicos de privatizações.
Qual é a dimensão ideológica (e política) de uma transição justa? Que conceitos estão envolvidos?
Uma transição justa tem de garantir:
• Que os trabalhadores das indústrias ligadas aos combustíveis fósseis recebem formação e são recolocados em indústrias sustentáveis.
• Que os agricultores recebem apoio na transição para colheitas sustentáveis e práticas sustentáveis de gestão do solo.
• Antirracismo e fronteiras abertas — os refugiados do clima estão a ser obrigados a abandonar as suas casas e atravessar fronteiras. É preciso que estas pessoas possam movimentar-se para onde quer que estejam seguras, ou tenham família ou amigos, sem temer o racismo e a repressão estatal.
Reportagem completa por Lígia Calapez no jornal Escola Informação Digital Nº 20, nov./dez. 2018, aqui.