O alerta vem de mais de 20 mil membros da Aliança dos Cientistas do Mundo:
“Apesar dos 40 anos de negociações sobre as alterações climáticas, a política mundial mantém-se numa lógica de business as usual, salvo raras excepções. De modo geral, falhamos amplamente na resposta à crise climática. Esta crise é real e está a agravar-se a uma velocidade superior à prevista, ameaçando os ecossistemas naturais e o destino da humanidade. A probabilidade de provocarmos mudanças irreversíveis é hoje cada vez maior e, a este ritmo, os mecanismos de feedback naturais (atmosféricos, marinhos e terrestres) poderão levar a um estado de “Terra Estufa”, fora do controlo humano.”
Os cientistas declararam emergência climática e apelam a uma transição justa para um futuro sustentável e equitativo.
A crise climática alimenta e alimenta-se das injustiças estruturais das nossas sociedades. As verdadeiras soluções são as que combatem as injustiças sociais enquanto reduzem as emissões de gases com efeito de estufa. Precisamos de uma política climática baseada na ciência, dando prioridade às pessoas e ao equilíbrio dos ecossistemas.
O estudo da campanha Empregos para o Clima mostra que 120 a 160 mil novos postos de trabalho no sector público poderiam reduzir as emissões de Portugal em 60-70% até 2030, em sectores-chave como as energias renováveis, os transportes públicos, a eficiência energética, floresta e alimentação, garantindo a transição das pessoas que hoje trabalham em sectores poluentes e demonstrando à sociedade no seu todo que é possível garantir a transição energética com respeito pelas melhores práticas. A campanha propõe ainda 10 medidas concretas a alcançar durante a legislatura actual. A par com a regulamentação da produção, é este o único plano social conhecido que, tendo sido elaborado para a realidade portuguesa, tem capacidade para limitar o aquecimento global a 2ºC relativo aos níveis pré-industriais.
Enquanto assinantes desta carta, assumimos o nosso dever defender um planeta habitável para todos. Reconhecemos que falta pouco tempo para evitar um caos climático. Exigimos políticas no sentido de uma transição energética justa e estamos aqui para reivindicar aquele que a ciência há muito demonstrou ser o único caminho possível.
Assinado:Academia Cidadã, ALA – Alentejo Litoral pelo Ambiente, CIDAC – Centro de Intervenção para o Desenvolvimento Amílcar Cabral, Climate Save Portugal, Climáximo, GAIA – Grupo de Acção e Intervenção Ambiental, Precários Inflexíveis, SPGL – Sindicato dos Professores de Grande Lisboa, SPN – Sindicato dos Professores do Norte, STCC – Sindicato dos Trabalhadores de Call Center, Zero – Associação Sistema Terrestre Sustentável